Por Ana Marques Eu sou feliz todos os dias de sol e de luz. Mas noites existem a lua escurece inquieta minha alma afugenta essa calma meu corpo solta-se em torpor brota da pele o suor Nessas noites infeliz eu me enrosco nos lençóis que amarroto. Noites rasgadas, insones. demônios interiores e o tato estremecido. Rangem dentes, os sisos o corpo vaga ansioso prazeres caudalosos. As noites sem estrelas. Minha unha pranteia a pele que se arranhou. Os pés tateiam o escuro os braços abraçam o tronco pêlos arrepiam e roçam. A noite perde o prumo, os olhos esquecem o rumo. Inteira me sinto. Quando aponta o dia. Inerte, desfalecida o corpo de vida esquecida os olhos abrem devagar. Nem mar navega esses olhos, nem céu sobraça o rosto. Lá! O sol, grandioso. Iluminada por toda a cidade. Eu ardo. Sufoco de saudade. Só desejo a noite sem luz.