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Imagem: Karonj Ele: Não me contes teus segredos. Sabê-los destrói toda a genialidade de te amar. Ela: Meus segredos jamais desvendados, como saberás do amor que devoto? Viverás no escuro? Ele: Percebo-te não pelo que dizes em palavras, mas pelo que a alma da íris teima em esconder. Ela: Nada direi. Verás minh´alma nos desvãos das minhas mãos. Ouvirás meus anseios nos olhos que te brilham. Leia-me. Ele: Ler-te-ei pelos delírios escritos à pele. Ela: Que o tato torne-se teus novos olhos, teus dedos percorram a minha vida. Eis a via dupla do amor declarado: poderei ler-te também? Ele: Traduzirei meu sânscrito para fazer-me entendível. Farei quórum à pele e aos olhos. Ela: Deixa eu sussurrar verdades em tua retina. Farei-me clara e límpida, e mergulharás nos segredos que vivem nas profundezas. Ele: O profundo é tão abstrato que sofrerá variações dentro da mesma retina. Prefiro-te pela fotografia do agora. Ela: Do amor criei caminho, nele a fotografia desbotaria. Não...