Sonho, por Ana Marques
Sonhei,
como só deviam sonhar os poetas.
E amei você em todos os sonhos,
como somente os sem esperança podem amar.
De amor e de sonhos
alimentei o meu abandono,
o raiar dos dias sem luz,
o anoitecer, já tão escuro,
da minha existência.
Sonhei, sim.
Poder mover a mão, que não te alcançava
tocar a pele que brilhava
e quase dizia-me "sim".
Mas entre sonos e dores tão vívidos,
lembrar tua face era meu remédio.
[quase um vício!]
Mantinha-me presa a essa vida.
[que vida?]
Aceitava a sopa, às colheradas.
Amava o banho, o sol, a vida regrada.
Amava até mesmo um exame qualquer
que o trazia para mim.
Sonhei, sim.
como só deviam sonhar os poetas.
E amei você em todos os sonhos,
como somente os sem esperança podem amar.
De amor e de sonhos
alimentei o meu abandono,
o raiar dos dias sem luz,
o anoitecer, já tão escuro,
da minha existência.
Sonhei, sim.
Poder mover a mão, que não te alcançava
tocar a pele que brilhava
e quase dizia-me "sim".
Mas entre sonos e dores tão vívidos,
lembrar tua face era meu remédio.
[quase um vício!]
Mantinha-me presa a essa vida.
[que vida?]
Aceitava a sopa, às colheradas.
Amava o banho, o sol, a vida regrada.
Amava até mesmo um exame qualquer
que o trazia para mim.
Sonhei, sim.
lá fora, no corredor, em voz baixa ele fala de mim.
da moça inválida, quase sem vida, que não reage a nada.
e fala do encontro, seu novo alvoroço, a nova paixão.
volta sorridente para mim, a moça senil, sem sentimentos,
sem vontade aparente.
Sonhei,
como só deviam sonhar os poetas.
E amei você nesses sonhos,
como somente os que nada tem a perder podem amar.
como só deviam sonhar os poetas.
E amei você nesses sonhos,
como somente os que nada tem a perder podem amar.
imagem: Prabuddha Dasgupta
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