Decisão, por Ana Marques
Está decidido.
Meu amor, eu aceito o teu pedido. A aliança, o véu, o altar. Me vestirei de santa para te alucinar. Vou beirar o branco e inspirar os teus dias, adornar o colo de pérolas e ser a concha dos teus segredos. E no cheiro de café ronronarei as tuas manhãs, esfregarei a pele em ti e brilharei os olhos em ares malvados apenas para te divertir.
Eu aceito e te digo sim.
Digo que contigo me casarei. Meu amor, esse meu imediatismo não me permite negar e por isso a resposta é "sim". Eu desejo o auge, a paixão e estar aconchegada em teus braços. Quero os dias de afagos, a alegria e o apego. Quero dançar contigo e, ao teu lado, ver vídeos em preguiçosos domingos sem fim.
Quero-te ao meu lado, mesmo sabendo que é fato a existência de um prazo para terminar.
Pode dizer a todos que te escolhi. E planto com o meu amor a semente de certeza, de que o tempo corroerá deste sentimento a beleza. Sei que a vida não nos perdoará a ousadia, de querer preencher com paixão os nossos dias. Amor, sente a minha vida na tua e em ti os beijos meus? Eu te quero e vou prometer a quem precisar que o faça. Ao padre ou a um sacerdote qualquer, direi "sim, eu quero ser a tua mulher".
Quero ser aquela que um dia irá te odiar.
Amor, eu te quero hoje por todos os dias, até que envenenados pela nossa própria rotina, conosco venha morar a apatia, a dor e, por fim, a separação.
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