Pisciana, por Ana Marques





... engana-se quem pensa que sou peixe fora d'água.
meu canto é mar 
minha natureza é esparsa 

e se sorrisos tristes espalham-se pelo caminho 
é que trago o coração de todos comigo 
e parte do amor que me faz compreender ... 

são sonhos tolos que vivem na minha fantasia 
como tolos são todos os sonhos e os loucos, 
e os que ficam roucos de tanta vida 

e se partidas partiram a veia inteira 
é que o abismo é chão, a queda é trincheira 
e o infinito nutre a intensa cura e o terno pesar

Engana-se, amiga, se acredita que esqueci minha origem 
nada eu esqueço, nada eu deixo, nada é a minha estrada 
tudo mora e se alimenta de mim ... 

e se os portais se abrem quando eu passo 
é que a senha é o meu sangue, meu suor, meu cansaço 
meu DNA destilado está imerso nessas fronteiras 

Nas esferas distraídas que compõe meus Universos 
ainda é o meu coração de tinta, minha escrita, o meu verso 
que traduz o que eu sinto e abre caminho 

... que me leva de volta ao céu, de volta ao mar.

(imagem: ballerina, by Leo Horta.)

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