Repúdio
imagem: Rekha Garton
A tua piedade grita por uma companheira na antiga bacia de escarros derramados... Não sei quem buscas nestas tuas andanças, mas sei que não serei eu a entoar o coro fúnebre com o qual recobres tuas vítimas.
Descarrega-te de mim.
Tua essência é a mentira contada, a invenção do século: renda-se ou te destruirei pelo fim da tua bondade. Bondoso é quem possuis debaixo das tuas asas de águia.
(só não contas a ninguém que usa-te dos desavisados para alimentar as pequenas filhas-feras: indulgência, maledicência e a pobreza)
Segue daqui, famosa ofensora. Detesto teu nome e destrato a tua existência. Nego-te em mim por não creditar feito algum ao teu modo vil de fazer-se valer aos que perderam tudo.
(não a dignarei, não darei a ti nenhuma das minhas dores)
A tua música chama a Pena a dançar e eu posso sentir-me envolvido pelos teus ombros. De início desviado, devolve-mes ao meio, recrutando-me o fim.
Busca-me e te repudio. Ai piedade, que eu odeio e mesmo assim, obrigada a conviver, desumanizo. Teu tempo é uma medida sem amarras e foge ao teu controle.
Piedade: amálgama que distribuis, da qual é feita e que completamente te assola...
Ana Marques
PS: Vai pra ti, de novo. :)
Comentários
Belo moça... as palavras são de ouro e a foto magistral!
Bjs e bom dia.
E sabe bem o que penso sobre pena e piedade... perfeito!
Um beijo!